sábado, 25 de junho de 2011

Operário

Plataformas, viadutos
abro os braços, fico mudo
O meu tempo não tem
tempo para abraçar...
O meu tempo, é meu ego,
Só me resta observar:
Plataforma, viadutos,
luzes, sons e trabalhar...

Na mochila, a blusa fina
e a marmita quase fria!
Só salada e maresia, to
com sono, é a sesta...
pau na obra diz o mestre,
Meia hora é muito pouco,
não tem tempo pra parar,
não dá pra ficar comendo!
Passa o dia, passa o tempo
Um relógio, grito certo...
satisfaz a disciplina!
Hora de se mandar!
Hora que não tem tempo,
para poder descansar!
Vou em frente, pego o bus!
Quanta gente, meu Jesus!
Sigo adiante,  no balanço
do relógio que só grita:
Já é tarde, não tem tempo,
olha a marmita,  nem dá
tempo de dormir, to com
sono, não dá tempo de
abraçar, já é dia...
Na calçada, a chuva é mais
fria que a comida, e alguém
grita, Bóia  fria!
Quando chego no destino,
olho pro céu, pra plataforma,
pros viadutos...os caminhões,
o suor de outros amigos...
E no tempo... os anos passam,
só consigo trabalhar!  Meus
cabelos já estão brancos, nem
consigo caminhar...só saudades!
Agora já tenho tempo, e mais
ninguém pra abraçar ! Nem os
filhinhos chamando...
Pai! Olha a marmita , pai,
ta esquecendo!

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